Que bom que escrevi de novo.


eu não aguento não aguentar mais. eu não aguento mais machucar minhas mãos. eu não aguento mais me sentir sufocada pelo o sufoco que me causo. eu não me sinto em casa. não sei como arrancar da minha mente que perdi tudo, mesmo não tendo muito. eu quero chorar todas as lágrimas guardadas. eu quero gritar e eu quero parar. eu não sei o que fazer, não sei o que escrever, não sei a quem recorrer, porque explicar isso pra alguém parece perca de tempo. eu não consigo respirar. eu não consigo descansar. eu não consigo deixar ir. meus dedos doem enquanto digito. eu me sinto horrível por parar de sentir o que achei que sentiria pra sempre. me sinto egoísta e ruim. eu sinto tudo de ruim. eu não sei mais como é não estar ansiosa. eu não sei mais como é viver sem esperar o pior de tudo. sem saber de nada. queria conceber a ideia de que é um dia de cada vez, que a vida toma rumos diferentes, que o mundo não vai acabar porque não preenchi uma planilha, ou porque recomeçar dói. porque tudo pra mim é urgente, e eu não consigo me desprender dessa ideia. ela está me corrompendo. eu estou me corrompendo. e me pergunto, que trauma não resolvido está causando tudo isso? o que me levou até aqui? o que é tudo isso? quem eu sou de verdade? eu não me reconheço. não sei quem vos escreve. não sei mais o que dizer. eu não consigo entender. por que meu coração dói tanto? eu queria morrer por um dia, e voltar no dia seguinte sem tudo isso, sem nada disso. seria incrível se todos os dias não parecessem o meu último dia, e não leve isso no bom sentido, se eu descobrisse que tenho um dia de vida me lamentaria por tudo que não fiz e ficaria ansiosa, porque não amei o suficiente, porque me perdi no meio do caminho, porque me preocupei em vão. eu morreria ansiosa, sem um pingo de paz até meu último minuto. meu cérebro não suporta mais a quantidade de informações exorbitantes que forço-a processar, meu corpo pede distância de todas as coisas. achei que teria uma grande reviravolta com o medicamento, mas a verdade é que nada mudou, a química do meu cérebro continua a mesma, frágil e má. admiti de uma vez por todas, que consigo ser boa com todo mundo ao meu redor, mas nunca conseguirei ser gentil comigo mesma na mesma frequência. antes era fácil me parabenizar por conseguir levantar da cama e estudar durante um dia da semana. agora parece ultraje se parabenizar por levantar da cama, cuidar de casa, pagar as contas, ser presente na vida dos seus amigos, da sua família, ser boa no seu trabalho, e ser adulta. é o esperado de qualquer pessoa, então o que há de grandioso em uma pessoa que não termina nada do que começa, que usa qualquer distração pra fugir de si mesma, que desistiu de ser escritora por não se achar boa demais, por uma pessoa que se perdeu no meio do caminho. o que há de grandioso nisso? se não a mera pequenez que é se odiar o tempo todo? e o que acho mais curioso nisso tudo, é que quando tenho relapsos do passado, eu achava estar passando pelo pior momento da minha vida, mas não era, bom, era naquele momento, mas não é mais. toda dor é novidade, por mais que ela seja de casa, eu nunca sei muito bem o que esperar dela, mesmo que ela seja previsível. e estar de frente pra ela nesse momento me faz enxergar o quão insignificante ela parece quando a enxergo, mas quando a paro de ver, ela volta ao seu tamanho normal, ou até mais vezes maior. mas eu genuinamente espero que esse momento seja como esses que revisito no passado, pequeno, sem se comparar com o que há de vir. eu sou sensível de mais para esse mundo, não inocente, sensível, e não em um bom sentido. não sei sofrer pequeno, há toda uma logística para se diminuir e voltar a muitas estacas zero. são muitos anos de prática a tortura. sinto falta de sentir o amor arder em mim. o amor pela minha vida, por quem eu sou, pelo o que faço, pelo sol que entra pela janela, por todos os outros. não sei ser linear, e não me é importante se todo mundo também não é, se há outros iguais a mim. eu não as conheço e não sei se dobrar uma dor parecida seria o ideal. ninguém deveria ser assim, mas como aquele clichê de todas as vidas, não dá pra ser feliz o tempo todo, nem optar por não sofrer. não se escolhe o sofrimento a dedo. não se escolhe o amor a dedo. mas tenho uma escolha, aquela mais ideal, a saudável e toda inteligente, a que não escolhemos. o que vamos fazer com todo e sofrimento e amor? onde iremos os colocar? hoje parece o dia do meu fim. 


Comentários

  1. Belo texto... E me identifiquei muito :(

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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    1. Obrigada por me ler, estou aqui se quiser conversar <3

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